Leoni Siqueira
13 min readJun 23, 2019

LGBTQI+ ou Por que tanta letra? ou Viva a diversidade!

Hoje é dia da Parada LGBT+, ou LGBTQI+, ou ainda LGBTQIP+, celebrando o orgulho de se assumir “diferente”, sem vergonha de não se enquadrar na caixinha apertada em que foi confinada a sexualidade humana pela narrativa dominante. Até hoje muita gente berra que só existe homem ou mulher, e ponto. A diversidade é sempre uma ameaça à superficialidade e às certezas reconfortantes de quem não consegue imaginar a vida como uma experiência sem limites. O diferente é visto pelos menos corajosos como defeito, desvio, algo errado.

A linguística já demonstrou que o que não é nomeado é invisível. Antes de existir a palavra feminicídio, esse crime bastante específico não tinha suas estatísticas próprias e o machismo violento que o provoca estava oculto, misturado no meio de outras práticas violentas. Antes da criação do termo homofobia não haveria como o STF equiparar esse tipo de preconceito ao de raça e criminalizá-lo. Não ter um nome não quer dizer que mulheres não fossem assassinadas por homens abusivos e violentos, nem que a comunidade LGBTQI+ não fosse ofendida, agredida e assassinada simplesmente por expressar sua identidade. Mas as forças envolvidas e as soluções possíveis não tinham como aparecer. Portanto, nomear é fazer existir, revelar ao mundo e poder, a partir daí, entender como lidar com esse aspecto da realidade.

Me lembro da primeira sigla representando tudo que não era simultaneamente binário e hétero. Ser GLS significava ser gay, lésbica ou simpatizante. Ser gay, um nome auto-escolhido, passou a identificar um grupo que assumia sua identidade sem medo e sem culpa. Muito diferente dos rótulos ofensivos “viado”, “bichona”, “boiola”. Lésbica deixou de ser “paraíba”, “sapatão”, “mulher-macho”.

Por mais que essa primeira sigla tenha sido revolucionária, mantinha na invisibilidade uma enorme quantidade de pessoas que não se identificava com nenhum dos grupos. Essa é a razão da ampliação de letras — ou categorias. Pessoas trans, bissexuais, interssexuais, queer, assexuadas precisavam “passar a existir”.

Categorizar é sempre simplificar a realidade e desprezar diferenças para que possamos falar do mundo que nos cerca. E essas classificações são sempre resultado de escolhas que atendem aos interesses dos falantes, principalmente dos falantes que têm mais poder. Não é por acaso que os esquimós têm dezenas de nomes para classificar os tipos de neve e que os povos da floresta “vêm” muitas cores que nós chamaríamos, simplificando, de verde. Se formos pensar na imensa diversidade humana, ainda são poucas letras para expressá-la no campo da sexualidade e do gênero. Não ter nomes para toda essa exuberância não significa que a diversidade não exista, apenas que não quisemos ver/nomear o que é desconhecido/desconfortável para a maioria — ou para quem tem o controle da narrativa. Se cada pessoa tem uma experiência única em relação a todos os campos da sua vida, por que não seria assim em relação à sexualidade? Mas como não faria sentido, nem seria útil, criar uma sigla com o nome de todos os seres humanos, LGBTQI+ é até uma solução bastante simples, que dá visibilidade a uma quantidade incalculável de pessoas que tiveram que viver, até bem pouco, nas sombras da vergonha e do preconceito.

FIM

Para entender o que cada letra da sigla quer dizer, segue um texto do site Orientando:

<https://orientando.org/o-que-significa-lgbtqiap/>

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  1. escolhas que atendem aos interesses dos falantes, principalmente dos falantes que têm mais poder. Não é por acaso que os esquimós têm dezenas de nomes para classificar os tipos de neve e que os povos da floresta “vêm”muitas cores que nós chamaríamos, simplificando, de verde. Se formos pensar na imensa diversidade humana, ainda são poucas letras para expressá-lano campo da sexualidade e do gênero. Não ter nomes para toda essa exuberância não significa que a diversidade não exista, apenasque não quisemos ver/nomear o que é desconhecido/desconfortávelpara a maioria–ou para quem tem o controle da narrativa.Se cada pessoa tem uma experiência única em relação a todos os campos da sua vida, por que não seria assim em relação à sexualidade? Mas como não faria sentido, nem seria útil,criar uma sigla com o nome de todos os seres humanos, LGBTQI+ é até uma solução bastante simples, que dá visibilidade a uma quantidade incalculável de pessoas que tiveram que viver, até bem pouco, nas sombras da vergonha e do preconceito.Para entender o que cada letra da sigla quer dizer, segue um texto do site Orientando:<https://orientando.org/o-que-significa-lgbtqiap/>LGBTQIAP+é uma sigla que significa Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromântiques/Agênero, Pan/Poli, e mais.Lésbicas e pessoas gays são pessoas que sentem atração pelo mesmo gênero, e por pessoas que consideram seus gêneros parecidos. Lésbicassão sempre mulheres, ou pessoas não-binárias que se alinham com o gênero feminino de alguma forma. Gayshistoricamente eram homens, mas hoje em dia, é também aceito que mulheres ou pessoas não binárias utilizem a palavra gaypara se identificarem como pessoas que sentem atração pelo mesmo gênero e por pessoas que se consideram de gêneros parecidos.Pessoas bisão pessoas que sentem atração por dois ou mais gêneros.Pessoas transgênero, ou trans, são pessoas cujo gênero designado ao nascimento é diferente do gênero que possuem. Mesmo assim, nem todas as pessoas que se encaixam nesta definição se identificam como trans; como é o caso de certas travestis, de certas pessoas não-binárias e de certas pessoas que não vivem em culturas onde só existem dois gêneros. De qualquer modo, qualquer pessoa que não é cis –ou seja, qualquer pessoa cujo gênero designado ao nascimento é diferente do gênero que possui, ou cujo gênero não
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